Dados do Instituto Nacional de Estatística, a manter-se a tendência actual, a população portuguesa diminuirá um número de 1.3 milhões de pessoas em meados deste século, para um total de cerca de 9.3 milhões, sendo que os idosos corresponderão a 2.9 milhões desse número, ou seja, por volta de 32% da população.
A não se verificar uma inversão demográfica, em 2050, a cada 100 jovens corresponderão não os actuais 108 mas 243 idosos.
Esta radical alteração demográfica, já alertada pelo Presidente da República, vai necessariamente voltar as atenções para a natalidade e para a família, estrutura que desejo essencial no apoio a um número crescente de avozinhos e avozinhas.
Leiam-se as palavras do vereador independente na nossa Câmara Municipal, António Trindade, «É notório que temos perdido nos últimos dez anos cerca de mil habitantes e isso é uma preocupação. Enquanto em 2006 houve cerca de 130 nascimentos, em 2007 reduziu para 124 e em 2008 em meados de Outubro registamos 74».
O município da Nazaré já deu mostras que está sensível para as questões do apoio à natalidade como indica a aprovação do executivo por unanimidade, da proposta deste vereador, que concede apoio a todos os bebés nascidos no concelho desde Janeiro deste ano.
Este é também, claro, um apoio à família, mas está na hora de ser ainda mais audaz e passarmos ao apoio à família numerosa.

Atentemos no gráfico e frases seguintes retirados do plano «Nazaré 2015: uma visão para o concelho»:

uma visão para o concelho

«A diminuição do n.º de filhos por casal, fruto do declínio da taxa de natalidade, é o fenómeno demográfico mais expressivo do concelho.»

«Duplo envelhecimento populacional do concelho: na base e no topo da pirâmide»

Vejamos agora a taxa de fertilidade dos casais portugueses:

http://www.indexmundi.com/pt/portugal/taxa_de_fertilidade.html

Como se pode constatar, os casais portugueses estão longe de ter dois filhos cada, o que conseguiria tão somente repor a população. Para fazer face ao envelhecer dos lusitanos, três rebentos por casal seria o mínimo desejável. Se nos lembrarmos que segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2015 trinta por cento dos casais vão sofrer de infertilidade, concluímos da pertinência desta ideia.
Faz todo o sentido a ajuda ás famílias numerosas, que por definição da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, é qualquer casal com três ou mais filhos.
A Câmara Municipal da Nazaré pode e deve fomentar o apoio a esta estrutura fundamental da sociedade, adoptando medidas que visem de alguma forma compensar quem opta por tão ilustre desafio.
Não hajam dúvidas, nos dias de hoje esta é claramente uma opção de vida que deve ser aplaudida e encorajada por todos nós.
E aqui não fica só o repto, fica um exemplo de uma medida prática que pode ajudar estas famílias. Como todos sabem, a taxa de saneamento é paga em função do consumo de água verificado em cada fogo. Um casal com três filhos atingirá necessariamente um consumo de um dos escalões mais caros do preço de água, agravando ao mesmo tempo a taxa de saneamento.
Assim, uma medida que visa tornar o preço deste bem mais justo – conceito utilizador/pagador – está completamente desvirtuada nestes casos em particular, pois o consumo per capita pode muito bem ser menor do que um agregado mais pequeno, mas feitas as contas, o consumo da família numerosa será sempre mais elevado. Resultado, metro cúbico de água mais caro e inflação da taxa inerente.
Porque não começar por aqui?

Veja-se o caso de Vila Real